O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
(Fernando Pessoa)
Desafio para ti no meu blog ;)
ResponderEliminarFizeste-me reactivar o hi5 para ir ver o teu, é preciso que se note que me estás a dever uma :p
ResponderEliminarAgora a sério: não sou tua amiga no hi5, mas quase que aposto que conheço aquela cara ali do teu cabeçalho :p deve ser de lá. :) *
Mandei pedido de amizade :) É, eu já vi a tua cara (a) não tinhas no hi5 o nome de Mémmz (ou lá como era xD) eu sei q fomos amigos no hi5, portanto a minha memória fotográfica não me atraiçoou :p
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